terça-feira, 28 de outubro de 2008

A Derrota de Paes

(Foto de Paulo Jacob, O Globo)

Abrindo mão das próprias convicções (se é que um dia as teve), aliando-se ao que há de mais podre no estado, gastando rios de dinheiro, jogando sujo, usando descaradamente as máquinas estadual, federal e universal, beneficiando-se até de um feriado mal intencionado, enfim, com tudo isso, Eduardo Paes só conseguiu ganhar de Gabeira por 50 mil míseros votos.


Como vitória política, já é um resultado extremamente questionável; mas do ponto de vista pessoal, é uma derrota acachapante.

Eduardo Paes levou a prefeitura, sim, mas de contrapeso ficou com uma quadrilha de aliados que não deixa nada a dever àquela que ele acusava o presidente Lula de comandar.

Vai ser prefeito, sim, mas vai ter de arranjar boquinhas para o Crivella, para o Lupi, para o Piciani, para a Clarissa Garotinho, para o Roberto Jefferson, para a Carminha Jerominho, para o Babu, para o Dornelles, para a Jandira... estou esquecendo alguém?

Conquistou um cargo, é verdade, mas conquistou também o desprezo mais profundo de metade do eleitorado.

Em compensação, como carioca, perdeu a chance de viver um momento histórico, em que a prefeitura seria, afinal, ocupada por um homem de bem, com idéias novas e um novo jeito de fazer política; perdeu a chance de ver o Rio de Janeiro sair do limbo a que foi condenado nas últimas décadas, e ganhar projeção pela singularidade da sua administração.

Se Gabeira tivesse sido eleito prefeito, o Rio, que hoje não significa nada em termos políticos, voltaria a ter relevância, até pelo inusitado da coisa. Um prefeito eleito na base do voluntariado, do entusiasmo dos eleitores e da vontade coletiva de virar a mesa seria alguém em quem o país seria obrigado a prestar atenção.

Agora, lá vamos nós para quatro anos de subserviente nulidade, quatro anos em que o recado das urnas será interpretado, pela corja que domina esta infeliz cidade, como um retumbante "Liberou geral!"


Nojo, nojo, nojo.

Fonte: http://cora.blogspot.com/2008/10/derrota-de-paes.html (Cora Rónai)

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A Onda da Cidadania Continua


Fernando Gabeira diz que vai fiscalizar o governo de Paes

Eloisa Leandro, JB On-line, 27 de outubro de 2008.

RIO - Aparentemente abatido Fernando Gabeira (PV) voltou a sua rotina, na manhã desta segunda-feira. Ele saiu de casa por volta das 9 horas e foi nadar no Clube de Regatas do Flamengo por cerca de 1 hora como havia prometido na semana passada caso perdesse ou vencesse.

Gabeira prometeu continuar a lutar pela cidade do Rio, pela causa dos mais pobres e fiscalizar o governo de Eduardo Paes através da Câmara, já que a sua bancada tem cerca de 10 vereadores. Vai sugerir a criação de uma Comissão de Ética e uma corregedoria para fiscalizar supostas corrupções no Governo.

Sobre as supostas fraudes nas eleições, Gabeira não atribuiu isso a derrota dele, mas lamentou pelo fato da Justiça não intervir em relação às apreensões de panfletos apócrifos, distribuição de cesta básicas e sobre a apreensão das sacolas plásticas do Programa Segundo Tempo da parceria dos governos Estadual e Federal, apreendidas ontem à tarde num comitê de campanha de Paes, em Madureira.

- Não me preocupo em lutar contra a máquina e nem de ter sido difamado na imprensa, mas fiquei triste em saber que tiraram a merenda das crianças. Infelizmente, no Brasil esse tipo de prática não chega a ser um escândalo, diferente dos países desenvolvidos como os da Europa.

Gabeira disse ainda, que a cidade ficou dividida mas que o feriado também pode ter atrapalhado a eleição. Ele lamentou sobre o grande índice de abstenções citando principalmente a maior delas em Copacabana, 30%, onde ele supostamente teria vantagem.

Gabeira falou que vai estar atento quanto às denúncias de que a campanha de seu adversário teria feito caixa dois e que supostamente poderia ter usado dinheiro público. Ele falou ainda que não teve acesso às contas do PMDB, mas que irá examinar de perto.

Sobre a crise econômica, Gabeira se disse muito preocupado quanto aos cortes no orçamento para a próxima gestão. O candidato derrotado disse que continuará lutando contra a dengue através do trabalho voluntário.

A LUTA SÓ ESTÁ COMEÇANDO...

VAMOS COBRAR E FISCALIZAR O CUMPRIMENTO DAS PROMESSAS.


As principais promessas feitas por Eduardo Paes durante a campanha

Publicada em 26/10/2008 às 23h56m

TRANSPORTE

1. Implantar o bilhete único, que permite ao usuário pegar mais de uma condução pagando só uma tarifa. Mas o sistema terá de se sustentar sozinho. "Não vou subsidiar empresas de ônibus".

2. Licitar as cerca de 400 linhas de ônibus do município e reorganizar o sistema.

3. Legalizar e licitar as linhas de vans, e regulamentar o transporte complementar.

4. Ajudar o estado a implantar a linha 4 do metrô, da Barra a Botafogo (orçada em R$ 1,2 bilhão). Ajudar o estado a implantar o novo trajeto da linha 2 do metrô, para evitar baldeação no Estácio.

6. Fazer a ligação entre a Barra e os subúrbios de Madureira e Penha, por meio de ônibus articulados, o projeto T-5.

7. Pôr limites de velocidade diferentes à noite em áreas consideradas de risco. Também substituir os pardais por lombadas eletrônicas, visíveis. Sincronizar os sinais de trânsito.

8. Renovar a frota de ônibus para dar acesso aos deficientes.

9. Ajudar a Supervia a adquirir novos trens.

10. Regulamentar os pontos de embarque e desembarque de vans e reduzir a taxa do Darm (Documento de Arrecadação Municipal) das vans.

11. Dar meia-passagem a universitários. Criar passe livre para pessoas com tratamento continuado na rede municipal de saúde.

12. Expandir os postos GNV.

TRIBUTOS

13. Não aumentar o IPTU. Engordar a receita por meio da base de arrecadação.

14. Implantar a nota fiscal eletrônica, que permite acompanhar on line a emissão de comprovantes que geram arrecadação de ISS. O sistema é um meio de aumentar a arrecadação sem subir impostos.

15. Criar parcerias com os governos estadual e federal visando dar incentivos fiscais às empresas que empregarem o deficiente.

16. Reduzir o ISS das áreas de tecnologia, turismo e seguros. Dar benefícios tributários às cooperativas de táxi.

EDUCAÇÃO

17. Acabar com a aprovação automática nas escolas da rede municipal de ensino.

18. Aumentar a rede de creches, triplicando o número de vagas. Oferecer 160 mil vagas nas pré-escolas, colocando todas as crianças de 4 e 5 anos.

19. Usar clubes e áreas afins para atividades extracurriculares de alunos da rede municipal.

20. Instituir aulas de reforço em todas as escolas municipais, contratar mais professores e investir em qualificação e remuneração.

21. Criar o Pró-Técnico, de bolsas em cursos técnicos.

22. Ampliar a rede de vilas olímpicas e criar programas de prevenção às drogas nas escolas.

23. Ampliar o Ônibus da Liberdade (transporte gratuito a alunos).

24. Criar o Fundo Municipal de Apoio à Pesquisa.

LIXO

25. Não levar o aterro sanitário para Paciência.

26. Criar um programa de reciclagem de lixo.

FAVELAS

27. Aproveitar áreas abandonadas ao longo da Avenida Brasil para construir unidades habitacionais.

28. Ampliar o PAC das Favelas nos grandes complexos, como Lins e Penha.

29. Continuar o Favela-Bairro, com adaptações para retomar a concepção original.

30. Ampliar os Pousos para fiscalizar construção em favelas. "Não vou permitir novas ocupações".

31. Para ter o apoio do candidato derrotado do PRB, Marcelo Crivella, prometeu implementar o Cimento Social, com adaptações.

32. Pôr em prática o Plano Municipal de Habitação de Interesse Social, para aplicar R$ 50 milhões, por ano, no financiamento de cem mil casas populares. Os recursos seriam garantidos com a parceria entre estado e União, além do apoio da iniciativa privada.

SAÚDE

33. Ampliar o Programa Saúde da Família, que no Rio, hoje, tem cobertura de apenas 7%. Criar 60 consultórios de Saúde da Família, funcionando em três turnos.

34. Construir 40 Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) 24 horas, com cinco milhões de atendimento por ano, retirando das filas dos hospitais 20 mil pessoas / dia. Méier e Madureira ganharão as primeiras UPAs.

35. Colocar os postos de saúde abrindo às 6h e fechando às 20h, com plantão permanente de clínicos, pediatras e ginecologistas.

36. Criar um gabinete integrado contra a dengue e um plano emergencial de combate ao mosquito. Contratar, logo, 1.850 agentes de saúde para isso. Postos de saúde e todas as unidades de saúde poderão fazer exame de sangue para diagnosticar a doença.

37. Assumir o papel de gestor pleno da saúde no município.

38. Criar um programa de atendimento domiciliar ao idoso. Criar 20 centros de convivência dos idosos. Readequar as instalações dos centros de saúde municipais pondo rampas, elevadores e outras facilidades.

39. Transformar postos de saúde em Clínicas da Família, com pediatria, ginecologia e odontologia.

40. Ampliar o programa Remédio em Casa para pacientes crônicos.

41. Construir o Hospital da Mulher, em Realengo; uma maternidade em Campo Grande,

além de reativar a antiga Maternidade Leila Diniz. As gestantes que fizerem seis consultas de pré-natal vão receber um documento garantindo a maternidade onde terão o filho.

42. Construir cinco centros de reabilitação para deficientes.

43. Criar 150 equipes do Programa de Atendimento Domiciliar ao Idoso (PADI) e implantar 20 Lares do Idoso.

44. Criar 50 equipes multidisciplinares nas escolas, com pediatra, ginecologista, oftalmologista, dentista, psicólogo, fonoaudiólogo e assistente social.

45. Converter unidades de saúde do município em Centros de Referência da Saúde da Mulher, com criação de cinco destes centros.

46. Criar o Hospital do Idoso, na Tijuca.

47. Melhorar o Hospital de Acari e o Paulino Werneck (com obras começando em 2009), aumentar o atendimento do Salgado Filho e do PAM do Méier, além de reequipar todos os hospitais municipais, contratando mais médicos e enfermeiros.

48. Criar três centros de referência para obesos.

ORDEM

49. Criar uma Secretaria de Ordem Pública, para o ordenamento e o combate a pequenos delitos. No início, vai priorizar a Tijuca.

50. Criar corredores iluminados nas áreas que concentram bares e restaurantes, como a Lapa. A Guarda Municipal combaterá os flanelinhas.

51. Adaptar os espaços públicos de lazer aos deficientes.

52. Recuperar e conservar a pavimentação das ruas.

53. Iluminar adequadamente as ruas, em particular os acessos aos corredores de transporte público, aos pontos de ônibus e às estações de trem e metrô.

54. Propor à Câmara um novo Plano Diretor.

55. Construir novos abrigos para população de rua.

56. Criar um centro de cidadania em Bangu.

57. Criar um mergulhão sob a linha do trem de Madureira.

58. Adotar o projeto Cidade Limpa, de São Paulo, para limitar a publicidade nas ruas.

CAMELÔS

59. Ordenar, regularizar as áreas em que pode haver camelôs, dar licença e fiscalizar. Mas "a Guarda Municipal não vai bater em camelô".

APACs

60. Manter as Apacs, com as normas que protegem casarões e prédios de interesse cultural. Serão complementadas com estudos de impacto de vizinhança para construções em áreas adensadas.

ADMINISTRAÇÃO

61. Manter todos os benefícios do governo atual aos servidores municipais, como carta de crédito, plano de saúde, não cobrança da contribuição previdenciária dos inativos, e dar reajuste salarial anual. Não unir a previdência municipal à do estado.

62. Criar um sistema de acompanhamento orçamentário municipal pela sociedade. Discutir o orçamento cidadão, uma versão do orçamento participativo.

63. Instituir a Secretaria municipal da Mulher.

TURISMO E MEIO AMBIENTE

64. Levar saneamento básico a 100% da Zona Oeste em parceria com o governo do estado.

65. Recuperar as praias da Baía de Sepetiba, e as lagoas da Barra e de Jacarepaguá. Dragar os canais. Retomar o projeto Guardiões dos Rios, que contrata mão-de-obra comunitária para atuar na limpeza dos rios da cidade.

66. Implantar o projeto de reflorestamento Guardiões das Matas

67. Articular com investidores privados a construção e a concessão de um centro de convenções no Aterro do Flamengo. Estimular a expansão da rede hoteleira na Barra da Tijuca. Dinamizar o Centro de Convenções da Cidade Nova.

68. Transformar o Porto e o entorno do Maracanã em áreas turísticas. Investir na promoção da cidade no país e no exterior.

69. Transformar Copacabana em capital brasileira do turismo de terceira idade.

70. Captar recursos para despoluir a bacia de Jacarepaguá.

SEGURANÇA

71. Treinar a Guarda Municipal para trabalhar em cooperação com a polícia. A Guarda terá poder de polícia para combater o pequeno delito, terá seu efetivo aumentado e trabalhará 24 horas.

72. Reformular a Guarda Municipal com o fim do regime celetista, e aumento do efetivo, além de redistribuição da força pela cidade (ênfase na Zona Norte).

73. Equipar o efetivo da Guarda Municipal com armas não-letais e rádios de comunicação.

74. Valorizar as subprefeituras e redefinir seus limites de modo que coincidam com as Áreas Integradas de Segurança Pública.

75. Ampliar o programa Bairro Bacana em parceria com o governo do estado, priorizando áreas com alto índice de crimes de rua.

76. Multiplicar o número de câmeras de vigilância nos principais acessos aos pontos turísticos. Criar um corredor de segurança para o turismo.

77. Criar em parceria com o governo do estado uma nova Delegacia de Atendimento ao Idoso em Copacabana.

78. Apoiar iniciativas de combate a homofobia.

CULTURA E ESPORTE

79. Criar o Incentivo Jovem, para identificar iniciativas culturais e esportivas.

80. Criar um parque de lazer em Madureira. Recuperar o Imperator, no Méier.

81. Manter a terceirização da gestão do carnaval, licitando-a.

82. Conceder a Cidade da Música à iniciativa privada.

83. Criar um calendário cultural, tendo, a cada mês, 12 grandes eventos.

Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2008/mat/2008/10/26/as_principais_promessas_feitas_por_eduardo_paes_durante_campanha-586132651.asp

sábado, 25 de outubro de 2008

Gabeira 43: A Esperança Voltou.



Texto 1: Rio de Janeiro - Paes, o novo subversivo.

Por Ricardo Noblat.

Dia sim, dia não, a Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro apreende em comitês do candidato Eduardo Paes (PMDB) material apócrifo produzido contra o candidato Fernando Gabeira (PV).

São faixas e panfletos que estimulam os baixos instintos das pessoas. Servem para incutir nelas o preconceito contra Gabeira, acusado de ser ateu, usuário de drogas, homossexual e candidato dos ricos.

Como se comporta Paes nessas ocasiões? Jura de pés juntos que nada tem a ver com faixas e panfletos. E também se diz vítima de panfletos.

Até agora, a Justiça Eleitoral não apreendeu um único panfleto contra Paes - muito menos em comitês de campanha de Gabeira. E sabe por que?

Porque a campanha de Gabeira não tem comitês. Nem dinheiro para confeccionar material de propaganda. Nem cabos eleitorais contratados para distribuí-lo. De resto, o candidato deplora o jogo sujo.

É isso o que ele tem dito. E não se tem notícia por enquanto que proceda de maneira diferente.

Jornalistas da Folha de S. Paulo flagraram, ontem, partidários de Paes na Zona Oeste apedrejando carros da pequena carreata promovida por Gabeira. Não, não foi um ato de vandalismo espontâneo. Foi estimulado por um dos chefes da campanha de Paes na Zona Oeste.

O que ninguém sabe e eu conto agora: as duas filhas de Gabeira, ambas na faixa dos 20 anos, começaram a serem seguidas por gente estranha.

Foram então aconselhadas por oficiais do BOPE a ficar em casa até o fim da eleição. Oficiais do BOPE se ofereceram para cuidar da segurança delas.

Paes parece levar ao pé da letra uma antiga lição de Agamenon Magalhães, ex-interventor e ex-governador de Pernambuco na metade do século passado: "Feio é perder". Paes está empenhado em ganhar a qualquer preço.

No país onde torcedor cobra a vitória do seu time nem que seja com gol impedido feito de mão depois dos 45 minutos do segundo tempo, a vitória justifica os meios e apaga qualquer traço de ilegitimidade.

Gabeira tentou subverter a ordem no passado quando lutou contra a ditadura, seqüestrou embaixador, foi obrigado a se exilar e reapareceu de tanga de crochê.

O subversivo no presente é Paes, que ignora a lei, seqüestra o bom senso, posa de vítima e desfila por aí com cara de bom moço.

Fonte:

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?t=rio_de_janeiro_-_paes_novo_subversivo&cod_Post=134540&a=111

Texto 2: UTOPIA CARIOCA

Nelson Motta

RIO DE JANEIRO - Sempre que vejo na televisão a propaganda do TSE mandando a gente ficar de olho nos nossos eleitos, sinto um certo
constrangimento e uma sensação de ridículo institucional. Mas também um estranho orgulho e um vago sabor de superioridade: há várias eleições voto no deputado Fernando Gabeira e nunca me decepcionei com seus votos, atitudes e atuação política, mesmo quando, às vezes, discordo de seus pontos de vista. Sua
honestidade e inteligência são inquestionáveis.

É uma felicidade democrática ter alguém que realmente representa no Congresso o que você pensa e acredita. Isto também é quase ridículo, porque é uma exceção do que deveria ser a norma, como é em países civilizados. Mas fiquei ainda mais orgulhoso agora que ele impôs suas condições para ser o candidato da frente PV-PSDB-PPS à prefeitura do Rio de Janeiro.

Não pediu poderes ilimitados, nem caminhões de dinheiro, nem submissão dos partidos à sua vontade: exigiu uma campanha limpa, sem ataques pessoais, propositiva; divulgação pela Internet dos fundos e despesas da campanha, e o principal: caso eleito, que o secretariado seja escolhido por méritos e critérios profissionais e não partidários, sem o habitual loteamento como moeda de troca por apoio político. Ele não acha que só porque "todos" fazem errado ele deve fazer também. É quase uma utopia. Mas se é a realidade em países civilizados, por que não, um dia, no Brasil?

Conhecido por sua trajetória dedicada aos direitos humanos, à ecologia, saúde,educação e cultura, com reconhecida capacidade de diálogo democrático e
tolerância, sem concessões à ladroagem e a política – como – ela – é, o que ele propõe é o óbvio. Mas parece um sonho quase impossível.

O Rio de Janeiro merece esta esperança.

Veja também:

A Esperança Voltou.

http://wanderbymedeiros.blogspot.com/2008/10/esperana-voltou.html

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Domingo, Dia 26, Vote 43, Vote Gabeira



EXCELENTE ARTIGO DE AUGUSTO NUNES NO JB .

Coisas da Política - Os vincos no rosto e as rugas na alma

Augusto Nunes

Um é novo, outro é velho, decreta a primeira linha de uma reportagem que confronta os perfis dos candidatos Eduardo Paes, 38 anos, e Fernando Gabeira, 67. Se a frase estivesse incorporada ao editorial que formaliza a escolha feita por um jornal, nada a objetar. Se incluída em algum texto assinado por colunistas ou colaboradores, formalmente liberados para emitir opiniões, tudo bem. Abre-se uma reportagem destinada a tratar as coisas como as coisas são, a isenção é assassinada no início do filme – e os capítulos restantes são condenados à morte por parcialidade. Não há esperança de salvação para matérias jornalísticas que, amparadas em duas certidões de nascimento, decretam em seis palavras quem é o novo e quem é o velho.

Se a diferença de idade é o quesito mais relevante no desfile de comparações, a sensatez e a ética recomendam enunciados que rimem com neutralidade. Por exemplo: um tem 26 anos menos que outro. Ou, então, um tem 26 anos mais que outro. Ou, ainda, um é mais novo que o outro. A escolha de uma quarta opção fez de Paes a encarnação da novidade, da inovação, da mudança – e comunicou aos cariocas que o candidato do PV é apenas velho.

Quase 34 anos distante de Oscar Niemeyer, 10 atrás de Fernando Henrique Cardoso, quatro à frente de Lula, apenas um à frente de José Serra, Gabeira só se encaixaria nessa simplificação se fosse portador de senilidade precoce (e aguda). Como o candidato sessentão chegou ao ponto final com boa saúde, deduz-se que o decreto se apoiou exclusivamente no calendário gregoriano.

Juventude é uma expressão associada a entusiasmo, energia, dinamismo, vitalidade. No Brasil, pode ser o outro nome do perigo. Os mais velhos sabem disso desde o começo da década de 60. Os ainda novos ficaram sabendo na década de 90. Jânio Quadros tinha 44 anos ao tornar-se presidente em 1961. Renunciou depois de sete meses, sem explicar por quê. O vice João Goulart tinha 43 quando herdou a vaga. Perdeu-a 36 meses mais tarde, deposto pelo golpe militar de 1964.

Como a era dos generais revogou a eleição direta, o último presidente escolhido nas urnas seria também o mais jovem da história republicana entre 1960 e 1989. Foi superado por Fernando Collor, eleito com 40 anos. O recordista em idade se tornaria também o único a escapar do impeachment pelo atalho da renúncia.

Os presidentes quarentões não deixaram saudade.
No começo da campanha, Eduardo Paes parecia moço demais para cuidar do Rio. A 10 dias da decisão, está claro que o corpo de menor de 40 tem uma cabeça perturbadoramente envelhecida por excesso de pressa e carência de princípios. Gabeira foi desde sempre um contemporâneo do mundo ao redor. Paes é a versão remoçada dos políticos do século passado. Um se orienta por idéias. Outro é conduzido por interesses, circunstâncias e conveniências.

Embarca no trem que lhe parece mais veloz, abandona o vagão quando a velocidade diminui. Começou no PV, fez uma demorada escala no cordão dos agregados de Cesar Maia, elegeu-se deputado federal pelo PFL, filiou-se ao PSDB, caprichou no papel de inquisidor enquanto durou a CPI dos Correios, foi promovido a secretário nacional do partido, candidatou-se a governador para garantir a tribuna indispensável para desancar o padrinho Cesar Maia e o adversário Sérgio Cabral, rendeu-se ao PMDB de olho em alguma vaga no secretariado estadual. Para quem viveu tão pouco, não é pouca coisa.

Decidido a alojar-se no gabinete do prefeito, topa qualquer negócio, faz tudo o que for preciso. Insulta o tutor Cesar Maia, rasteja diante de Lula, presta vassalagem à primeira-dama, ordena agressões a cabos eleitorais adversários, mobiliza entidades fantasmas em passeatas instruídas para gritar que Gabeira odeia suburbano, renega os companheiros de combate na CPI, acaricia mensaleiros juramentados, absolve de todos os pecados a bandidagem dos partidos que o apóiam.

Cesar Maia? Só esse não pode. Babu, o vereador de estimação dos moradores dos presídios, esse pode. Delúbio Soares? Pode.

Os vincos no rosto de Fernando Gabeira reafirmam a idade que tem. As rugas na alma de Eduardo Paes informam que a idade mental é muito maior que a oficial. Um é antigo. Outro é moderno.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

RJ Eleições 2008 - Alerta Geral - Todo Cuidado é Pouco



CESAR MAIA FAZ DENÚNCIA GRAVÍSSIMA E ALERTA PARA TENTATIVA DE GOLPE NAS ELEIÇÕES DO RIO

O ex-Blog do prefeito Cesar Maia - que, como todos sabem, tem um gabinete militar vasto e de muita eficiência - publica nesta quinta-feira dados de um relatório de inteligência sobre as eleições cariocas. Segundo o prefeito, já existe um forte esquema, principalmente na Zona Oeste, envolvendo mesários, milicianos e hackers.

A presença de milícia não é novidade, uma vez que este blog (Santa Bárbara e Rebouças), recebeu a denúncia de que uma comitiva de campanha do candidato Fernando Gabeira recebeu ameaças em Santa Cruz esta semana, de um grupo armado que incluía até mulheres. Pessoas possivelmente ligadas a um deputado estadual.

Abaixo, segue na íntegra o que o prefeito divulga na newsletter:

PREPARAM UM NOVO "PROCONSULT" NA ELEIÇÃO A PREFEITO DO RIO!

1.Este Ex-Blog recebeu ontem e anteontem e de três fontes - todas da área de inteligência - uma da polícia estadual, outra da polícia federal e outra do Exército, informações sobre tentativa de golpe na eleição a prefeito do Rio.

Abaixo um resumo agregado das três fontes.

2. Todas dizem que se as pesquisas de sexta / sábado, apresentarem um resultado indefinido, empate técnico na linguagem da imprensa, o plano entra em operação.

As ações são de três tipos.

a) constrangimento nos corredores de votação na zona oeste (regiões de Bangu, Campo Grande e Santa Cruz), região de Acari, Pavuna e Anchieta e áreas das milícias.

b) informar por celular às mesas compostas integralmente por pessoas de confiança nessas áreas para a partir das 15h de domingo até o fechamento das urnas, sempre que não houver eleitor, um mesário votar 15 pelo eleitor e outro assinar o livro.

É uma operação rápida, pois é um número só.

c) uso de hackers sobre os sistemas da Zona Sul, Barra, Tijuca, Santa Teresa e centro da Penha e Ilha do Governador de forma a tentar anular votos.

3. O primeiro passo foi dado com a antecipação do feriado estadual e federal na segunda-feira dia 27.

E MAIS:

Na sexta-feira dia 24, as repartições deverão afrouxar desde cedo as presenças de forma a estimular as viagens.

4. O 43 deveria pedir ao TRE para ampliar o patrulhamento dos corredores citados, a campanha do 43 deveria deixar fiscais nas zonas eleitorais das regiões citadas até o fechamento e levar todos os mapas emitidos, urna a urna.

Nas regiões onde os hackers vão tentar atuar é imprescindível a presença de fiscais e o recolhimento dos mapas logo que a urna for fechada para comparar depois, urna a urna, com o resultado emitido pelo TRE.

Urna a urna.

Para isso deve ser pedido relatório ao TRE urna a urna para se comparar.

Postado por Gustavo de Almeida às 10:58

Fonte: http://www.gustavodealmeida.blogspot.com/

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Razões para Votar no Gabeira



15 RAZÕES PARA VOTAR no Gabeira


1. Porque ele esteve presente em todos os momentos históricos desde a década de 1960, sempre de forma honesta, e coerente com a conjuntura da época;

2. Porque ele não é panfletário, performático ou histriônico, inclusive, tem adotado uma campanha preservando a limpeza urbana;

3. Porque ele é um ser humano inteligente, sem dogmas, sem vergonha dos possíveis equívocos, e sem medo de mudar;

4. Porque ele não se omite, declara sua convicção, mas não tem a ousadia de acreditar que seja o dono da verdade;

5. Porque não é onipotente;

6. Porque é um homem do seu tempo, não vive do passado nem no futuro. Sabe seu tamanho, tenta conquistar o possível, um passo por vez, fazendo que seu projeto seja uma trilha nunca um trilho (sem trocadilho);

7. Porque não alterou sua rotina de vida em função dos cargos que ocupa, não é deslumbrado nem puxa-saco;

8. Porque ainda acredita numa atividade política sem troca-troca, sem favores, com mínimas concessões;

9. Porque é ético, transparente e honesto;

10. Desde o início de sua campanha está respeitando todos os seus adversários e se preocupando em cativar o eleitor ao invés de partidos políticos;

11. Está adotando uma política transparente. No dia estabelecido para prestar contas da origem dos recursos ele foi o primeiro a divulgar os dados de forma completa. Eduardo Paes divulgou muitos dias depois e de forma parcial;

12. Foi o primeiro na história a ter a iniciativa de formular propostas consistentes e inteligentes na área da segurança pública, inclusive, a define como uma “Política de Libertação”, o que realmente estamos carecendo urgentemente;

13. Desde o início de sua campanha adotou a política da ética e da limpeza urbana. Ele não poluiu a cidade com materiais de campanha porque isto é uma total contradição com seus valores como cidadão e as propostas de seu governo para a cidade;

14. Buscará trabalhar em parceria com o Governo Estadual, Federal, setores da sociedade civil e empresas privadas; e,

15. Governará de forma independente dos interesses corporativistas dos governos Estadual e Federal.

sábado, 18 de outubro de 2008

SP: Polícia Civil x Polícia Militar






ESTADÃO, 18 de outubro de 2008.

Policiais rejeitam Boletins de Ocorrência (BO) de PMs

CLAUDIO DIAS, MARCELO GODOY, PAULO REIS ARUCA E SANDRO VILLAR

Policiais civis da capital e do interior se recusaram ontem a registrar boletins de ocorrência encaminhados às delegacias por policiais militares. Em Dracena, no oeste paulista, os civis rejeitam BO desde anteontem, data do confronto no Morumbi.

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Roberto Antônio Diniz, encaminhou uma mensagem com pedido de calma, serenidade e até paciência aos chefes dos oito Comandos de Policiamento do Interior (CPI) e das duas unidades da capital, que juntos somam 135 mil PMs.

A relação está tensa entre as corporações e há relato de provocações e hostilidade.

Em Dracena, os policiais civis estão revoltados com o conflito ocorrido na capital. "Não vamos receber nenhuma ocorrência apresentada pelos PMs, a não ser que o caso seja grave", disse o policial Milton Matos, chefe dos 11 investigadores da Delegacia de Investigações Gerais (DIG). Matos disse que a represália da PM foi muito violenta. "Não precisava disso tudo. Todos têm o mesmo patrão. Estamos revoltados com a PM."

Em Jales, no noroeste paulista, os civis protestaram em desfile de viaturas pelas ruas centrais. Segundo representantes do comando de greve, participaram da manifestação cerca de 200 policiais, com a utilização de 50 veículos oficiais. O objetivo da manifestação, de acordo com grevistas, foi prestar solidariedade aos policiais que se deslocaram até a capital. "Muitos deles foram agredidos. Não queríamos enfrentamento, mas a retomada pacífica das negociações", disse um grevista.

Em outras cidades do interior, como Marília e Presidente Prudente, o clima também era tenso ontem. "O atendimento está bem limitado. A animosidade e o constrangimento aumentaram", afirmou o investigador identificado apenas como Paulo, da Delegacia Seccional de Marília. André, chefe dos investigadores da DIG de Marília, afirmou que os policiais civis da região estão indignados. "E quem não estaria?"

Poucos falam abertamente sobre o clima nervoso entre as polícias por temer represálias. "Acabou a amizade. Se eles (PMs) não chegarem com a ocorrência redondinha aqui vão se dar mal", avisou um investigador de Araraquara. Ontem, ao registrar um BO, um soldado foi impedido de se sentar no DP. Os civis também ameaçam os PMs, caso um preso denuncie tortura. "Se depender de mim, peço exame de corpo de delito e prendo o PM em flagrante", disse um civil. "Vamos ter de dar banho no preso porque se chegar sujo é capaz de sobrar para a gente", disse um PM.

O clima tenso entre as polícias levou a provocações em São Paulo. Na frente da sede do Departamento de Homicídios, na Rua Brigadeiro Tobias, no centro, policiais do 2º Batalhão de Choque discutiram com delegados. "Seus coxinhas, traidores", disse um policial civil, incomodado com olhares dos PMs. Em resposta, um dos militares exibiu sua arma aos civis. Em seguida, os PMs arrancaram com as viaturas.

A medida do Comando-Geral da PM visaria a minimizar o reflexo do confronto. A Assessoria de Imprensa da PM disse desconhecer a tal mensagem. O Estado ouviu oficiais da PM de várias cidades do interior de São Paulo que confirmaram o recebimento da carta. "É mais uma medida para tranqüilizar o pessoal. O comandante só pediu serenidade e muita paciência nos próximos dias", disse um oficial da PM.

FONTE: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081018/not_imp262122,0.php


IMAGENS (Folha de São Paulo)

Policiais civis em greve entram em confronto com policiais militares durante manifestação perto do Palácio dos Bandeirantes


Imagem nº 1:Moacyr Lopes Junior / Folha Imagem

Imagem nº 2:Raimundo Pacco / Folha Imagem

Imagem nº 3:Diego Padgurschi / Folha Imagem

Imagem nº 4:Mastrangelo Reino / Folha Imagem

Imagem nº 5:Alex Almeida / Folha Imagem


Comentários:

A Polícia Militar de São Paulo agiu corretamente atuando com técnica na missão constitucional de preservar a ordem pública.

Por outro lado, a ação da Polícia Civil foi no mínimo desastrosa, basicamente por dois motivos:

1º Motivo: ao contrário do movimento carioca (que também luta por melhores condições de trabalho e melhor remuneração para os policiais), que ainda é conduzido por alguns oficiais e praças da Polícia Militar, onde não houve greve nem tampouco qualquer tipo de paralisação dos serviços prestados à população e nem tampouco causou transtorno à sociedade, o movimento da Polícia Civil de São Paulo paralisou a prestação dos serviços policiais e certamente está causando, direta ou indiretamente, algum transtorno à população, principalmente ao usuário do sistema.

Cabe lembrar que, há pouco tempo, a Polícia Federal, quando em situação de greve ou estado de greve, também causou inúmeros prejuízos e desconfortos à população brasileira e estrangeira: Deixou de emitir passaportes e paralisou os aeroportos do país;

2º Motivo: ao contrário do movimento carioca, que continua disciplinado e ordeiro, e que em nenhum momento contou com a presença de policiais armados se manifestando contra o governo nas ruas da cidade, em São Paulo verifica-se situação oposta com policiais civis armados nas ruas se manifestando contra o governo.

Portanto, a pergunta que não quer calar:

Quem são os verdadeiros insubordinados? Quem são os verdadeiros sindicalistas? Os policiais militares do Rio que, insatisfeitos com as péssimas condições de trabalho, se manifestaram e se manifestam pacificamente ou os policiais federais e os policiais civis de São Paulo?

Também não entendi o que o policial civil de São Paulo quis dizer com: "Acabou a amizade. Se eles (PMs) não chegarem com a ocorrência redondinha aqui vão se dar mal", avisou um investigador de Araraquara.

Ué, a ocorrência não deveria chegar "redondinha". O que o investigador quis dizer com isso? Será que a partir de agora outras técnica orientadas para a produção da verdade ganharão forma e cor e nortearão o relacionamento entre a Polícia Civil e a PM de São Paulo? Será que reside nesse mesmo princípio moral da "amizade" o fato dos rico$ receberem tratamento diferenciado nas delegacias em relação aos pobres (a exemplo do que já existe no que se refere ao benefício ou tratamento diferenciado dado através do instituto da prisão especial).

Quem sabe com essa atitude dos policiais civis os desvios de conduta, a corrupção policial e até mesmo a incidência criminal possa ser melhor controlada. Só resta saber, quem vai controlar a Polícia Civil?

Com diz o ditado popular: "Quem não deve, não teme".

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

No dia 26, Vote 43, Vote GABEIRA



Está circulando na rede:

Uma idéia simples, silenciosa e influenciadora: nos dia 25 e 26 de outubro próximos, todos os eleitores do Gabeira vestirão uma peça de roupa verde para silenciosamente mostrar a nossa preferência política e influenciar os indecisos.

Vamos criar uma Onda Verde!

www.gabeira43.com.br

Se o Gabeira ganhar

Jornal Zero Hora, 08 de outubro de 2008.

Martha Medeiros


'Sempre fomos amigos, ele é uma pessoa capaz e não pretendo vencer a qualquer preço.'

O autor dessa frase é Fernando Gabeira, avisando que não engrossará o tom da campanha para enfrentar Eduardo Paes no segundo turno pela prefeitura do Rio.

Infelizmente, algumas mulheres e homens íntegros costumam dar férias para sua integridade durante campanhas eleitorais.

Nessa hora, todo mundo vira leão e quer devorar o outro.

Imagine um candidato admitir, antes do resultado final, que o adversário é um homem capaz.

Por essas e outras é que a grande novidade desta eleição foi a votação expressiva de Gabeira, a despeito de todos os preconceitos que poderiam barrar a alavancagem de sua candidatura.

Isso, por si só, já é uma vitória do Brasil - não só do Rio de Janeiro.

Se Gabeira ganhar, será a prova de que o brasileiro está votando de forma mais consciente e que cansou de ficar se lamentando em balcão de bar, repetindo a ladainha de que político é tudo igual.

Se Gabeira ganhar, saberemos que existe uma parcela da população que não tem medo de quem possui uma mentalidade aberta e que está apostando em novos horizontes, em quem tem experiência não só política, mas de vida.

Se Gabeira ganhar, finalmente teremos em um cargo público um homem que conversa com o eleitor feito gente grande, dizendo exatamente o que pensa, em vez de apelar para discursos fleumáticos e repetitivos, entulhado de jargões.

Se Gabeira ganhar, vai ser a recompensa merecida por ele ter peitado Severino Cavalcanti, dando nele um cala-boca que todos nós gostaríamos de ter dado na ocasião do 'mensalinho'.

Se Gabeira ganhar, não será apenas o deputado federal que assumirá o cargo, mas também o escritor e jornalista que tantas vezes defendeu as liberdades individuais, os direitos humanos, as formas alternativas de viver em sociedade e que possui uma consciência ecológica que vem de muito antes disso virar moda.

Muitos políticos - inclusive Fogaça e Maria do Rosário, que disputarão o segundo turno aqui em Porto Alegre - já eliminaram a pose de super-heróis e a prosa característica dos 'profissionais' do ramo, aqueles que dizem apenas o que o eleitor quer ouvir, sem compromisso com a viabilidade do que está sendo dito.

Mas Fernando Gabeira, pela projeção nacional que tem e pela cidade problemática que pretende governar, é o fato eleitoral de 2008.

É interesse de todos que o Rio resolva suas dificuldades, e que a política brasileira espane a caretice e ganhe um perfil mais corajoso e cosmopolita.

Se ele será um bom prefeito, caso vença?

Não tenho bola de cristal.

Mas ter superado a desconfiança diante da sua biografia incomum já é motivo para comemorarmos.


http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2228570.xml&template=3916.dwt&edition=10850&section=1006

O Globo Online - Blog de Cora Rónai

Uma imagem que vale por mil palavras.

Até a semana passada, eu não sabia quem era Eduardo Paes.

Sim, como todo mundo, eu também acompanhei a CPI, e também vi o seu desempenho, que então me pareceu digno e correto.

Conheço seus dados biográficos embora tenha sido poupada do horário eleitoral gratuito mas, duvido que a TV me desse maiores informações sobre o que, a meu ver, conta de verdade.

O caráter do candidato.

Agora, porém, depois do pedido de desculpas ao presidente e aos seus familiares, eu sei exatamente quem ele é: um político típico, antigo, sem espinha dorsal, daqueles que faz qualquer negócio por um cargo, inclusive passar por cima da própria consciência.

Não que eu não acredite que as pessoas não devam pedir desculpas. Pelo contrário; saber pedir desculpas é uma qualidade de grande nobreza.

Mas há desculpas e há desculpas.

A gente pede desculpas por eventualmente emitir um conceito que magoa, por perder a cabeça no calor de uma briga e dizer algo que não devia, por fazer do outro uma idéia que não corresponde à realidade.

Mas a gente não pede desculpas a um chefe de quadrilha por apontá-lo pelo que ele é, chefe de quadrilha; nem pede desculpas a uma mãe por duvidar da honestidade de um filho seu de 30 anos que, de biólogo mal remunerado, passou a gênio de tecnologia e fazendeiro milionário no curto espaço de uma presidência.

Não, pelo menos, sem ter em mãos uma prova concreta, cabal, de que tudo não passou de um gigantesco mal entendido.

Nesse caso, se Eduardo Paes tem em mãos essa prova, deveria apresentá-la, urgentemente, ao Congresso e à imprensa. Até porque, se tal prova existe, tudo o que sabemos da História recente do país está errado, e muda radicalmente.

Até segunda ordem, contudo, os fatos permanecem os seguintes: do momento em que Eduardo Paes fez as denúncias na CPI até hoje, nada de novo veio à luz para esclarecer as relações do presidente com os criminosos do mensalão, ou para justificar o súbito enriquecimento de Lulinha.

Do jeito que as coisas estavam, assim continuam. Apenas o escândalo, suplantado por outros escândalos, saiu das manchetes.

Pergunto, então: quando é que Eduardo Paes estava enganando a gente? Na época da CPI, fingindo uma indignação que não tinha, ou agora, oferecendo desculpas falsas e subservientes em troca do apoio do PT?

Sete Motivos

Sete Motivos IMPORTANTES para Você Não Votar em Eduardo Paes

1) Ele vai aplicar a política de Segregação Social nas áreas valorizadas:

Como Subprefeito da Barra e Jacarepaguá e como Secretário de Meio Ambiente promoveu a perseguição e a remoção de Comunidades pobres para abrir caminho para a especulação imobiliária.

Exemplo Prático: Barra da Tijuca, orla da lagoa da Barra. Removeu a Comunidade oriunda de pescadores (ele mesmo dirigiu um trator) para fazer uma área de preservação ambiental. Resultado. Retirou os pobres e no local surgiu o Shopping Barra Point e a sede da Unimed. Seu lema devia ser: 'Preservar para as Elites'.

2) Ele vai mudar o discurso quando alcançar o poder. Vai trair o eleitor:

Mudou de partido seis vezes. A última às vésperas da eleição. Traiu os amigos.

Exemplo Prático: Em 14 anos de vida política é a sexta troca de partido. Em 1993, ainda Subprefeito da Barra da Tijuca, era filiado ao PV, em 1996 foi para o PFL onde se elegeu vereador e deputado federal, em 1999 se filiou ao PTB, em 2001 volta ao PFL, em 2003 vai para o PSDB, por onde se candidata a governador e agora, em 2008, vai para o PMDB.

3) Ele é o candidato da especulação imobiliária:

Quem sabe por isso sua campanha já tem cinco vezes o custo de todas as demais campanhas?

Exemplo prático: No PMDB queria vender o quartel da PM do Leblon. Queria vender o parquinho da CEDAE do Posto 6. Queria vender a delegacia do Leblon. E outras mais. A Prefeitura bloqueou tudo. Agora o que ele quer é acabar com as APAC’S e escancarar as portas à especulação imobiliária em toda a Zona Sul. Mas, ele tem antecedente. Aplicou o 'cone de sombras sobre as praias' e gerou uma estranha troca em São Conrado.

4) Ele apóia e é apoiado pelas MILÍCIAS:

A identificação com políticos que são ligados as milícias, sobretudo na Zona Oeste, é flagrante.

Exemplo Prático: Disse, no RJ TV, que as milícias levaram a paz e a segurança as Comunidades de Jacarepaguá. É só checar no You Tube.

Por 'coincidência' todas as áreas de milicianos estão fechadas com ele. Na Favela do Gouveia, em Paciência, o centro social do vereador Jerônimo Guimarães Filho (Jerominho) montou tendas para oferecer serviços gratuitos como escovação de dentes e aplicação de flúor, verificação de pressão arterial, salão de beleza e até emissão de carteira de identidade com funcionários cedidos pelo Detran.

Segundo moradores, junto com as tendas para a prestação dos serviços, chegaram à favela cerca de cinqüenta homens em um caminhão. Eles colocavam placas de CARMINHA Jerominho e do candidato a prefeito EDUARDO PAES nas casas.

5) Ele discrimina e desdenha as minorias e os movimentos sociais:

Está sendo processado pelos índios por ofensa moral. Não compareceu a nenhuma convocação para debate com os Movimentos Sociais.

Exemplo Prático: Quando secretário de Esportes do Rio, Eduardo Paes, desdenhou das aspirações indígenas, quanto ao prédio do antigo museu do índio, ocupado pelos Tamoios, que querem ali estabelecer um Centro de Referência da Cultura Indígena. Prevendo ali um estacionamento disse: 'Gostaríamos muito de ter a área para que o terreno fosse agregado à área do Estádio do Maracanã'. O Instituto Tamoio está na Justiça contra uma declaração ofensiva do secretário desqualificando o movimento. Veja no site do Tamoio.

6) É oportunista. Posiciona-se sempre ao lado dos que, momentaneamente, estão em vantagem. Não respeita princípios éticos, acordos, nem linha de conduta. Não tem ideologia, nem coerência política:

Exemplo Prático: Perseguiu incansavelmente o Presidente Lula, o chamou de ladrão e Chefe de quadrilha na CPI dos Correios. Tudo em rede nacional de tv e nos jornais. Agora tenta pegar carona na popularidade do Presidente.

7) Ele usa a Máquina Pública para benefício eleitoreiro:

Ele é acusado de Improbidade Administrativa, compra de votos e obras públicas em praça fantasma. Além de gravar programa eleitoral dentro de uma UPA o que é proibido por lei.

Exemplo Prático: A juíza da 8ª Vara de Fazenda Pública, Alessandra Cristina Tufvesson Peixoto, mandou notificar Eduardo Paes. O MP descobriu que a licitação da Fundação Parques e Jardins, vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, dizia que seria realizado ‘obras de melhorias e tratamento paisagístico na praça situada na Avenida Marechal Rondon com Rua Nazário’, na Zona Norte.

Ao visitar o local, a perícia do MP constatou que não existe qualquer praça. As melhorias foram feitas, na verdade, dentro do Conjunto Bairro Novo, que tem uma das entradas pela Rua Nazário. A área é propriedade privada e tem guaritas para o controle de entrada e saída de pessoas e veículos.

Para o MP, o trabalho visou benefício eleitoral. Depoimento de testemunha e panfletos apreendidos por promotores indica que Eduardo Paes e o servidor público Nelson Curvelano estiveram no condomínio e prometeram aos moradores que fariam melhorias na praça. Naquele ano, Paes foi candidato a deputado federal. Curvelano concorreu para deputado estadual, mas não foi eleito. O panfleto, com fotos e o número de campanha de Paes e Curvelano, dizia que 'as obras da quadra e da área de lazer estão sendo realizadas (...). Vamos juntos, agora no dia 6, eleger quem realmente se comprometeu e faz'. Segundo os promotores, 'eles (Paes e Curvelano) induziram os agentes públicos competentes para a prática de ato de improbidade e dele se beneficiaram indiretamente, com nítido propósito eleitoreiro'.

Esse é o Prefeito de que o Rio precisa?

NÃÃÃÃÃOOO...!!!!

GABEIRA NELES!!!!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Cidadão: No dia 26, Vote 43, Vote Gabeira




Rio x São Paulo - 2ª Parte

Editorial do Estadão de hoje, 13/10

Para melhorar a segurança


Das estatísticas reveladoras do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública se tira uma importante lição para a elaboração e gestão de políticas de combate à criminalidade. A segunda edição do Anuário, que acaba de ser lançada, mostra que, quando os governos preservam e aprofundam suas políticas, mais vitórias obtêm na luta contra o crime. Os governos que seguem o método da tentativa e erro, com políticas erráticas ou freqüentemente modificadas, até podem conseguir resultados positivos nessa luta, mas os avanços serão menos intensos do que nos Estados onde as políticas são mantidas ao longo do tempo.

A diferença das políticas de segurança pública dos dois Estados é a principal explicação para o fato de, em 2007, o Rio de Janeiro ter superado São Paulo no número absoluto de assassinatos: 5.504 ante 4.877. É verdade que ambos os Estados apresentaram um resultado melhor do que o de 2006. Mas a melhora em São Paulo foi mais acentuada: o número de assassinatos diminuiu 19,5% entre 2006 e 2007, enquanto o Rio de Janeiro registrou queda de 3,6%.

"A política de investimento em segurança do governo paulista vem se mantendo a mesma há 15 anos", disse a Secretaria da Segurança Pública do Rio de Janeiro, para justificar o melhor desempenho de São Paulo. Ao enfatizar a manutenção da política paulista para explicar a diferença entre o que ocorre num Estado e no outro, a secretaria fluminense admitiu, implicitamente, que sua política de investimentos não foi mantida por tanto tempo. O sociólogo Gláucio Soares, do Iuperj, diz isso de maneira explícita: "O Rio adotou políticas, entre aspas, que foram sendo trocadas com instabilidade."

Outra lição importante que se tira do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública - uma organização não-governamental criada em 2006 para fornecer dados para as autoridades policiais e colaborar na gestão da segurança pública - é a de que quanto mais integrada for a ação das polícias civil e militar (PM), melhores serão os resultados para a população. O coronel da reserva da PM José Vicente da Silva destaca o trabalho integrado das duas polícias como um dos principais fatores que contribuíram para os bons resultados obtidos em São Paulo.

Em 2007, o índice de São Paulo foi de 11,7 homicídios por 100 mil habitantes, 21% menor do que o de 2006, de 14,8. Santa Catarina tem o melhor índice do País (10 por 100 mil em 2007). Já o Rio registrou, no ano passado, o segundo pior índice do País (35 por 100 mil), melhor apenas do que o do Espírito Santo (41,6 por 100 mil).

Os Estados utilizam critérios diferentes para levantar as estatísticas da criminalidade. Para tornar os dados comparáveis, o Fórum de Segurança Pública separou os crimes em homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. São Paulo soma esta última categoria aos homicídios dolosos e o Rio, não. Isso significa que o índice de homicídios dolosos de São Paulo é ainda menor do que o do Rio. Uma das explicações para o fato de o Rio ter resultados piores é que, lá, as polícias civil e militar não compartilham informações, diz o coronel José Vicente da Silva.

Quanto à distribuição das verbas de segurança pública entre as diversas tarefas policiais, o Anuário mostra que, em geral, as autoridades não estão dando a atenção devida a uma área fundamental para melhorar o desempenho da polícia - a de inteligência. Dos R$ 34,8 bilhões gastos com segurança pública em todo o País no ano passado, o setor de inteligência recebeu apenas R$ 205 milhões, ou 0,59% do total. O Estado que mais investiu no ano passado em informação e inteligência policial foi o Paraná, com R$ 18 milhões. São Paulo ocupa o quarto lugar da lista, com investimentos de R$ 5,1 milhões em inteligência, mas esse valor corresponde a menos de 0,1% dos gastos totais de R$ 7,6 bilhões com segurança pública.

O Anuário mostra uma melhora nas condições de segurança pública, mas mostra também que essa melhora poderia ser mais acentuada e mais disseminada pelo País, mesmo sem aumento de investimentos - embora mais investimentos sejam necessários -, mas apenas com a adoção de políticas mais adequadas.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Homicídios - Comparativo entre Rio e São Paulo.


Comentário: discordo com bastante veemência do posicionamento defensivo adotado por autoridades e pesquisadores do Rio de Janeiro. Não é verdade que os investimentos na segurança pública não ocorreram em outros períodos de governo.

Só pra lembrar um pouco dessa história, da qual fui testemunha ocular e protagonista de primeira linha, destaco, preliminarmente, importantes conquistas para a segurança pública do Brasil (haja vista que todas essas iniciativas se converteram em modelo para outras polícias do Brasil e também de importante fonte para o desenvolvimento de novas políticas públicas), a partir da iniciativa pioneira da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, na primeira metade da década de oitenta do século passado, a saber:

  • A introdução no Brasil da literatura técnica, genuinamente policial;
  • A mudança curricular dos cursos policiais, com ênfase maior na formação humanística em detrimento de uma modelo de formação estritamente militar;
  • A criação do Batalhão Escola de Polícia Comunitária;
  • O desenvolvimento de estratégias diferenciadas de prevenção e repressão qualificada do delito (Drogas - NUPID / Proerd, Criança e Adolescente, Policiamento de Bairros, Policiamento Comunitário, Policiamento em Áreas de Especial Interesse Turístico - GET / atualmente BPTur, Policiamento de Eventos - atual Grupamento Especial de Policiamento em Estádios, Policiamento em Favelas - GAPE / atual Grupamento Especial de Policiamento em Áreas Especiais, etc.).


Todos esses primeiros movimentos de REFORMA foram capitaneados sob a liderança do saudoso e já extinto Coronel PM Carlos Magno Nazaré Cerqueira, que foi Comandante Geral da PMERJ durante dois mandatos intercalados.

No final da década de 90 outras importantes conquistas foram incorporadas a esse patrimônio nacional, tais como a criação e o desenvolvimento do conceito de Áreas Integradas de Segurança Pública, a criação dos Centros de Referência de Prevenção à Violência Racial, de Gênero, Doméstica, Contra Homossexuais, etc., a criação da Ouvidoria de Polícia, a criação das Delegacias Legais, a criação do Instituto de Segurança Pública, o Disque- Denúncia, etc...

Portanto, é inadmissível, principalmente em se tratando de opinião formulada por pessoas oriundas do meio acadêmico, que se faça tábua rasa de todo esse conhecimento produzido e dessa experiência acumulada, a pretexto de se justificar a inépcia com que a política de segurança pública vem sendo conduzida.

Então, por que o Rio não conseguiu obter resultados expressivos como os obtidos em São Paulo.

Ouso especular que, basicamente, três fatores importantes fatores intervieram nessa dinâmica:

1º) A participação agregada dos municípios no desenvolvimento e na execução de políticas de segurança pública;

2º) O esforço de consolidação de um novo conceito de segurança pública, com a integração efetiva de outras políticas no controle da violência e da criminalidade; e,

3º) O avançado processo de profissionalização da instituição policial, seguida de uma redução significativa do conflito axiológico verificado entre a teoria e a prática.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Militarização das Polícias Norte-Americanas


PUBLICAÇÃO A RESPEITO DA MILITARIZAÇÃO DAS POLÍCIAS NORTE-AMERICANAS (junho de 2008).

ESTE DOCUMENTO É POR DEMAIS INTERESSANTE PARA ANÁLISE E DEBATE.

Dois estados norte-americanos iniciarão no próximo ano uma reforma nas suas políticas de segurança pública, que são atualmente a padrão dos EUA.

O estado de Washington e o Distrito de Colúmbia, onde se localiza a capital do país, iniciarão no próximo ano a militarização da polícia estadual, de acordo com o modelo brasileiro das Polícias Militares Estaduais.

De acordo com a regra geral americana, as polícias são municipais e civis, divididas em Departamentos de Polícia, nas grandes cidades, ou em Departamento do Xerife nas pequenas.

Agem com policiamento ostensivo e fardado (ou não) e têm hierarquia, no entanto não há a cultura militar, com cadeia de comando e a hierarquia e disciplina como bases.

Os principais motivos que levaram a tais medidas, de acordo com os dois estados, são o melhor atendimento às situações de segurança pública.

Havendo um comando mais forte, uma cadeia de comando firme e uma disciplina rígida, o que não existe em uma organização civil, tem, no meio militar, um atendimento rápido e eficiente.

De acordo com o Chefe de Polícia Bill Donstway, do estado de Washington, “uma organização militar atua de forma muito mais eficiente nas necessidades da segurança pública, com menos casos de corrupção, atendimento a situações e tomadas de decisões mais rápidas”.

Diz também que “a divisão em companhias e batalhões com comandos próprios, mas ligado ao comando general – onde entra a hierarquia e linha de comando – propicia uma organização infinitamente maior no policiamento ostensivo e preventivo”.

Para ele é um equívoco dizer que a cultura militar é incompatível com o atendimento à comunidade civil, para ele é uma questão de educação do policial e uma cobrança firme de disciplina.

Segundo ele, truculência policial existe tanto na policia de organização civil como na militar, em ambas, se não for bem educado, o policial pode vir a achar que é melhor que os cidadãos. “É uma questão de educação”, finaliza.

A decisão dos dois estados é uma reviravolta e uma surpresa, que foi elogiada por muitos intelectuais e organizações americanas, e pode vir a gerar uma onda no país.

Foi fato inesperado também no Brasil, uma vez que vários intelectuais e ONG's defendiam a desmilitarização das PM's tendo como prisma a organização policial dos EUA. (France Presse, em Washington).

TEXTO ENTREGUE PELA SENASP À IGPM / COTER

PARA CONHECIMENTO DAS POLÍCIAS MILITARES BRASILEIRAS

Fonte: http://www.coter.eb.mil.br/


Comentários: Cadeia de comando, hierarquia e disciplina não são privilégios das organizações militares. A igreja, bem assim algumas empresas privadas, em todo o mundo, possui padrões mínimos de hierarquia e de disciplina que, em alguns casos, são muito mais rígidos que o da própria organização militar. A questão que se coloca não está presa ao modelo da estrutura administrativa, mas sim à doutrina dogmática que caracteriza a cultura militar, sobretudo, no que tange ao processo de ideologização refratário a possibilidade de construção e desenvolvimento de um saber crítico e, principalmente, favorecedor da inversão axiológica que tanto caracteriza o trabalho policial de organizações policiais que se confundem com organizações militares. Nesse sentido, o paradigma da força não deve prevalecer sobre o paradigma do serviço policial. Servir e proteger deve ser o foco do trabalho policial e não o mero confronto bélico com criminosos e infratores da lei. Forças armadas e polícia possuem políticas, filosofia, estratégias, táticas operacionais (“doutrina”, protocolos de uso da força, normas e procedimentos) e logísticas diferenciadas. Em nome dos valores democráticos não é de bom alvitre mesclar o que é ideologicamente e logisticamente aplicado à atividade policial com aquilo que é próprio da atividade militar. À luz da análise ocupacional e funcional, em condições normais de exercício democrático, sob a égide do Estado de Direito, do ponto de vista do ethos profissional, a proposta de educação e de treinamento policial é completamente diferente da proposta de educação e de treinamento referente ao militar das Forças Armadas. Quanto às considerações expressas pelo Chefe de Polícia Bill Donstway são apenas falácias. Se alguém tem dúvida, vide o caso brasileiro. Por outro lado, também considero um equívoco dizer que a cultura militar é incompatível com o atendimento à comunidade civil. Contudo, essa premissa em torno do atendimento à comunidade civil por parte de forças militares só é válida para situações de grave perturbação da ordem ou de calamidade pública. Nesse contexto, de grave perturbação da ordem pública, as forças militares podem ser consideradas, forças auxiliares e reservas das forças policiais, da mesma forma que as forças policiais, nas situações de guerra, podem e devem ser consideradas forças auxiliares e reservas das forças militares. Cada macaco no seu galho!